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quarta-feira, 15 de abril de 2015


Estádio completamente cheio, grande ambiente, grande entusiasmo, F.C.Porto com uma grande surpresa na equipa inicial, Jackson titular contra todas as expectativas. Havia consciência do enorme desafio que tínhamos pela frente, mas a esperança que o conjunto de Lopetegui fosse capaz de dar uma resposta positiva, atravessava todo o universo portista. Sabíamos também que só um Porto de qualidade superior, colectivamente forte, corajoso, atrevido, coeso, solidário, muito concentrado e muito organizado, podia derrotar o gigante bávaro. Esse Porto esteve esta noite no Dragão, curiosamente, em termos de qualidade de jogo, mais na segunda que na primeira-parte, ganhou com toda a justiça e por números justos. Mas ainda estamos a meio da eliminatória, vamos ter de sofrer muito em Munique. Os alemães vão entrar com tudo, a pressão sobre a nossa equipa e sobre o árbitro vai ser enorme, teremos de ter um grande coração, um grande espírito de sacrifício e nervos de aço. Teremos, como aconteceu hoje, mostrar a raça e a chama do Dragão, o nosso estofo europeu, ser capazes em Munique de voltar a espantar o mundo do futebol, deixar os invejosos cheios de azia. Continua a ser um desafio colossal, mas estamos agora em melhores circunstâncias de fazer história que estávamos antes deste jogo em que muito poucos apostavam no F.C.Porto.

Não podia ter começado melhor o jogo para o F.C.Porto. Demérito da zona central do Bayern, defesa e médios, mas mérito do F.C.Porto, Jackson e Quaresma que com a lição bem estudada, pressionaram alto e obrigaram Xavi Alonso no lance do primeiro golo e Dante no do segundo, a cometerem erros que fomos capazes de aproveitar. Ainda não havia tendências, mas ficou logo à vista que era assim que os azuis e brancos iriam tentar levar a água ao seu moinho. A vencer por 2-0 aos 10 minutos e só não ficando também em vantagem númerica porque o árbitro, lamentavelmente, encolheu-se e não expulsou Neuer - como é possível, se o guarda-redes ao ser ultrapassado derrubou Jackson que ficava sem mais ninguém pela frente para atirar para a baliza? -, o F.C.Porto não aproveitou a esse facto para se soltar e ganhar confiança, não foi capaz de ter bola e trocá-la como tão bem sabe, permitiu a reacção do Bayern, foi penalizado por isso, sofrendo um golo que, diga-se, fazia justiça ao intervalo. Não tinha havido durante os 45 minutos iniciais Porto para uma vantagem de dois golos.

O descanso fez muito bem ao F.C.Porto. Não sei o que Lopetegui terá dito aos seus pupilos, sei que o F.C.Porto surgiu muito mais desinibido, muito mais assertivo, muito mais confiante, a jogar muito melhor futebol. Foi um Porto que entrou forte, personalizado e se continuou a pressionar alto, deixou de ter medo de ter a bola, quando a tinha trocava-a naquele futebol rendilhado e de toque que é a sua imagem de marca, estava melhor e bem mais perigoso que o Bayern, se não fosse Neuer ter feito um milagre, podia ter aumentado a vantagem mais cedo. Mas se não aumentou nesse lance, viria a consegui-lo aos 65 minutos por Jackson. O Cha Cha Cha - esteve parado um mês? - contornou o melhor guarda-redes do mundo e tocou para baliza deserta, colocando o marcador em 3-1, diferença de dois golos que o F.C.Porto justificou. Daí até final houve uma natural reacção dos pupilos de Pep Guardiola, mas aí já não foi o Porto da primeira-parte, o jogo estava repartido, se os alemães tiveram mais posse, foi muito menor que na primeira-parte, o F.C.Porto soube sempre controlar, raramente a baliza de Fabiano correu perigo iminente.

Num jogo histórico, foi a primeira vez que uma equipa portuguesa venceu o Bayern em jogos a eliminar, houve algumas grandes exibições na equipa portista. Mas quando o colectivo funciona, mesmo os que não estiveram tão inspirados deram o litro, não costumo destacar ninguém. Hoje abro uma excepção para destacar o marcador dos dois primeiros golos do F.C.Porto, Ricardo Quaresma. Vi um dos melhores Quaresmas de sempre, mérito dele, mas também de Julen Lopetegui. Este Quaresma, que junta ao talento, atitude, espírito de equipa, comprometimento, podia ser capitão, é o melhor que vi ao serviço do F.C.Porto.

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