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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014


Fazer análises após um jogo que correu mal, muitas vezes leva a que se exagere, coloque tudo e todos em causa. É o treinador deixou de ser bestial e passou a ser besta, alguns jogadores que até eram eram bons passaram a ser fraquinhos, o plantel que era excelente passou a não ser tanto assim. Nesta altura vem sempre à baila a falta de mística, de referências, de jogadores portugueses e da formação do F.C.Porto. Para além disso, esta época a falta experiência de um plantel novo na idade e novo no clube, também é referida como uma das razões para que a temporada não esteja a correr como desejamos. Sobre mística, alma, espírito guerreiro, etc., mesmo que já tenhamos tido épocas onde perdemos jogos como o de domingo passado e campeonatos, com plantéis e equipas cheios de mística, de referências e experiência, para não me repetir, remeto-os para aqui - post após a derrota com o Sporting. Mas aceito que falta um verdadeiro líder dentro do campo, uma extensão do treinador, alguém que de braçadeira no braço fosse capaz de nos momentos difíceis se impor, unir as tropas, levá-las à transcendência, alguém capaz de exigir respeito a árbitros habilidosos e sem critério. Quanto à equipa nova na idade e no clube, que precisa de tempo, etc., é verdade e uma atenuante, mas se por um lado há erros que não se admitem nem nos iniciados, por outro não se pode acusar esta equipa de falta de empenho e de atitude, pelo contrário, esta equipa nunca se entrega, nunca desiste - Shakhtar lá e cá, Estoril, são bons exemplos. Agora é natural quando as coisas correm mal, se oferecem golos numa bandeja e falham golos fáceis, como aconteceu, menos frente ao Sporting, mais frente ao Benfica, a força anímica não seja a ideal, o discernimento desapareça e com ele organização e a capacidade para tomar as melhores opções e decisões dentro do campo. Portanto, tirando a tal liderança, o problema do F.C.Porto neste momento, não é a falta de experiência, de empenho, de tempo. Então qual é? Pois, na posição de treinador de bancada... fica a minha opinião.

Embora não se deva separar a parte colectiva da individual numa equipa de futebol, até porque uma equipa colectivamente forte pode ser vítima de erros individuais e uma equipa com um colectivo mais fraco pode ganhar graças às individualidades; deixemos a individualidades e foquemo-nos no colectivo que desejamos forte e a base do nosso sucesso. E a primeira nota é a seguinte:
Não se constroem equipas fortes com jogadores que aparecem e desaparecem. Constroem-se equipas fortes com jogadores consistentes, jogadores que mesmo quando não fazem grandes exibições, nunca jogam abaixo de um 6, numa escala de 0 a 10, nunca se escondem. E se para mim os grandes jogadores aparecem nos grandes jogos, está aí uma explicação para o insucesso do F.C.Porto no clássico que domingo se disputou no Dragão. Quando se pedia que emergissem, desequilibrassem , fizessem a diferença, alguns submergiram, passaram ao lado do jogo - Herrera, Tello e Brahimi, Jackson falhou golos que um ponta-de-lança não pode falhar.

Depois e já não é a primeira vez que o digo, o ponta-de-lança, porque é muito marcado, tem de jogar simples, receber, tocar e ir, aparecer nos espaços e na área, sítio onde é importante estar. E o que vimos? Pois, um Jackson muito recuado e demasiado agarrado à bola, às vezes perdia-a, outras passava, mas como estava muito atrás, se queríamos e aconteceu, sair rápido, não havia ninguém para aparecer na zona de finalização. E por falar em zona de finalização, é outra pecha que urge resolver: metemos muito pouca gente na na zona onde se decidem os jogos, no domingo, chegamos a ter quatro e cinco jogadores para Lima e depois, como é óbvio, a bola chegava à área e eram nove deles contra quatro ou cinco nossos.

Outra lacuna é esta: se privilegiamos o jogo pelas laterais e envolvemos Danilo e Alex nessas manobras, para além das compensações quando sobem, quem joga mais à frente tem de saber jogar com eles. Se na direita isso vai acontecendo, Tello e Quaresma envolvem Danilo, na esquerda Brahimi raramente aproveita a subida de Alex. Sem coartar a criatividade e o génio do argelino, é preciso mudar, diversificar, surpreender e principalmente, não desmotivar Alex a subir. Aliás, a jogada que Jackson atirou contra Júlio César é sintomática do que ambos podiam fazer se o internacional argelino não fosse tão egoísta, principalmente agora, quando as coisas já não saem tão bem.

Também deixamos de pressionar bem, de forma organizada. Ora, sem pressão, as defesas contrárias estão cómodas, jogam à vontade, correm menos riscos de errar. Os cantos e livres já foram muito mais perigosos. Não há quem remate de fora e contra autocarros, atirar de fora pode e deve ser uma solução. Quando estamos por cima, com um bom ritmo e uma boa dinâmica, não pode ser Fabiano, quando a bola lhe chega às mãos ou aos pés, a quebrar o ritmo e a dinâmica, hesitando, passando mal, demorando uma eternidade. Se Marcano fosse destro, OK, problema resolvido, como não é e Indi também não, quando a bola chega aos centrais não sai com a rapidez necessária, não permite a transição rápida, apanhar o adversário desorganizado. Porque não Reyes como central pela direita? Se com Quintero melhoramos o jogo interior, meta-se o colombiano, agora não podemos perder equilíbrios, ter só gente a jogar com bola, quando a perdemos a casa vem abaixo.

Estão aqui algumas questões para reflectir. Sou apenas treinador de bancada, talvez não saiba como executar no campo para melhorar, mas acho sei ler um jogo e identificar o que está bem, menos bem ou mal.

Porque sou um tipo sério, analiso de boa-fé e quando me engano tenho a humildade de me retratar, depois de ver as imagens só me resta pedir desculpas a todos e dizer: de facto a estratégia e a táctica, junto com a pressão alta, a matreirice de Jesus e experiência dos jogadores do Benfica foram as bases em que assentou a vitória do clube do regime. Sem dúvida, como disse Vieira, foram uns heróis.
Portanto, Mister Lopetegui, já sabe, porrada para cima deles, jogo sujo, truques e mais truques para queimar tempo e siga a marinha. Essa é a verdadeira essência do futebol, como se viu destacado nos jornais de segunda-feira e nos editoriais de alguns prostitutos do jornalismo.
Pois, pois, a arbitragem de Jorge Sousa foi excelente, disse o benfiquista de Paredes. Não foi pelo árbitro que perdemos, quem é tão anjinho, dá tantas abébias na defesa e falha golos cantados no ataque, só tem de olhar para dentro, mas arbitragem excelente, sim, para o Benfica. Aliás, nada que já não fosse previsível e que não estivéssemos à espera. Como disse antes do jogo, Jorge Sousa é o árbitro queridinho do clube do regime.

Nota:
Nem com 6 pontos de avanço, nem por ser contra o último eles facilitam: João Capela no Benfica - Gil Vicente. Fantástico, Melga!

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