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domingo, 19 de outubro de 2014


Nestes momentos, momentos de grande desilusão, vem sempre à baila um tema que já é recorrente: não há referências, não há mística, não há cultura Porto. Para mim, a questão não tem a ver apenas porque agora e ao contrário do passado, não temos jogadores portugueses e alguns com origem na formação do F.C.Porto. Não, a mística e a cultura Porto e que significa(va) capacidade de luta, de combate, de transcendência e um espírito guerreiro que motivava, começava mais acima e vai muito para além disso. No passado o F.C.Porto não levava desaforo para casa, não tinha este perfil discreto, reagia, tinha voz, mobilizava. Agora o que vemos? Já disse, mas repito, a voz do F.C.Porto é quase só a voz do treinador. Se os treinadores têm um discurso como tinha André Villas-Boas que falava em cadeira de sonho, ficar no F.C.Porto muitos anos e isso puxava pelo portismo fora e dentro do campo - depois pisou em cima de tudo, pirou-se, defraudando as expectativas de tantos que já o consideravam como um dos nossos na teoria e na prática. Curiosamente, passado pouco tempo foi recebido como um herói no Coliseu, na Gala dos Dragões de Ouro, com direito a discurso, tudo perante um Vítor Pereira na altura muito contestado. Nos tempos da mística e da tal cultura Porto, uma coisa assim era possível? -, se não têm, é pior e até Jesualdo que verbaliza bem, se viu aflito para lutar contra os profissionais da intriga e da maledicência . Veja-se o que aconteceu com Lopetegui: cheio de razão e sem nunca pisar o risco, criticou Paulo Baptista. O que aconteceu a seguir? Os vendilhões do templo caíram-lhe em cima e quem rapidamente saiu em sua defesa? Ninguém. Portanto, esta questão da mística e afins, não se esgota apenas na falta de jogadores portugueses, na falta de jogadores da formação na equipa principal, na falta de referências no balneário, na falta de conhecimento do que é o F.C.Porto e o futebol português por parte de Lopetegui e alguns jogadores. Falta também agressividade na comunicação, aquele discurso capaz de arrastar multidões, mobilizá-las para o combate que é muito difícil e desproporcionado, um discurso que faça sentir a quem está no F.C.Porto o que a casa gasta - tudo isto não tem nada a ver com possíveis respostas às provocações incendiárias do coisinho... O Porto demasiado sereno, calminho, manso, preocupa-me. Já se arrasta há muito tempo e não há maneira de mudar. Temos de recuperar a alma e com isso vem a mística e tudo o resto.

Notas finais:
Ontem perdemos porque não fomos competentes. Erramos muito, desde a forma como não jogamos e permitimos que o adversário jogasse - Nani esteve sempre à vontade para receber sem pressão, teve tempo para pensar e executar como quis e lhe apeteceu -, até a erros de principiante, pagamos caro por isso. Agora e não é nenhuma surpresa, temos de aguentar todas as euforias e extrapolações que tendem a hipervalorizar o vencedor e a menorizar o vencido - quando vencemos da mesma forma e já tantas vezes conseguimos, há sempre qualquer coisa a ensombrar os nossos sucessos, desculpas para não bater no perdedor. Desde há muitos anos que é assim. Por isso acredito que ontem foi o toque a rebate, temos capacidade para fazer muito mais, temos de fazer muito mais, temos de reagir. Mas na prática e não na teoria do discurso bacoco e cansativo, do temos de trabalhar mais, levantar a cabeça... Na próxima terça-feira é já uma boa ocasião para mostrar no campo que podemos cair, até, como aconteceu ontem, com estrondo, mas não ficamos prostados a carpir mágoas.
 
No meu blog mando eu e como mando não delego. Por isso aqui respeita-se o F.C.Porto, quem o dirige e quem o serve profissionalmente. É um caminho que nunca vai ser alterado. Quem não gostar, OK, tem todo o direito, não faltam espaços onde até podem insultar o presidente, os jogadorex e os treinadores. Vão para lá. É tão fácil dizer mal, destruir... aparecer nas festas a gritar amor pelo F.C.Porto...

Vamos discutir o F.C.Porto, tudo merece ser debatido, não podemos meter a cabeça na areia, não podemos ser seguidistas, dizer amém a tudo. OK, mas onde, só na Net? Ainda há poucos dias houve uma Assembleia Geral do F.C.Porto, clube, muito importante. Onde estavam os portistas preocupados? Em casa. Tirando meia dúzia de caras novas, estavam lá os mesmos de sempre. Repito, numa AG importantíssima. Por isso poupem-me às vossas reflexões ou vão reflectir para outro lado. O blog chama-se Dragão até à morte. Não sabem o que isso significa? Ao fim de sete anos e meio ainda não perceberam?

Registei para memória futura a festa de Augusto Inácio no jogo de ontem.

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